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Editorial: Nasce o Periféricos, semente germinada na “terra dura”

Atualizado: 4 de ago. de 2024


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Arte: Tatiane Macena


A diversidade é fundamental para estabelecer um equilíbrio em uma sociedade de diferentes, pois é a partir dela que a inclusão e a pluralidade passam a ser discutidas e posteriormente colocadas em prática. No jornalismo, a diversidade deve se fazer presente durante todo o processo, mas essa responsabilidade encontra obstáculos, um deles é a existência de vozes que não são ouvidas. 


Algumas vezes, vozes são ignoradas porque, na nossa sociedade, alguns sujeitos são considerados mais importantes e mais dotados de conhecimento do que outros. Outras vezes, vozes são ignoradas porque o jornalismo pode estar excessivamente distante delas. Como fazer jornalismo é uma atividade complexa, que busca abordar diversos temas relevantes com segurança, pluralidade e agilidade, a prática precisou consolidar modos de atuação que procuram garantir a eficiência. No entanto, o custo dessa eficiência pode ser um jornalismo que não inclui aqueles que estão fora dos lugares de privilégio.


Ao compreender que não existe apenas uma forma de fazer jornalismo e de buscar informações relevantes, seguras, plurais e, ainda assim, em equilíbrio com a agilidade do mundo, o Periféricos se apresenta como uma alternativa à mídia sergipana, que em sua maioria fala de um lugar hegemônico e central. O Periféricos se apresenta como um veículo jornalístico que deseja contribuir com o equilíbrio social apresentando a versão da periferia, muitas vezes ignorada.


O veículo que nasce é uma semente germinada em “terra dura”, regada com indignação, pela maneira que a imprensa sergipana pauta o Santa Maria e pelas desigualdades que comprometem esse povo, mas também com a fé de que outros caminhos são possíveis no meio jornalístico. Apesar da terra dura e da indignação, a expectativa é que os frutos dessa semente não sejam amargos, pelo menos não na sua totalidade. 


O amargor pode ser necessário para não idealizar situações que precisam ser rejeitadas e combatidas, mas também há espaço para a doçura dos frutos maduros, nascidos das relações humanas, do senso de comunidade, da potência criativa, da arte, da sabedoria e da luta das periferias. O modo Periféricos de comunicar é feito de dentro para dentro (pois o veículo não está longe) e também de dentro para fora (para que a sociedade enxergue o nosso potencial e a imprensa não paute somente nossos problemas com superficialidade). 


O Periféricos, para servir à comunidade e à sociedade, nasce tendo as questões da periferia na sua impressão digital.  É preciso decidir o que pautar, com quem falar e como falar. Nós escolhemos pautar a periferia e também ter seus moradores como personagens centrais de nossas narrativas, sem excluir as subjetividades. Esse trabalho não parece impossível ou um sonho, sabemos que não é preciso “dar a voz” a ninguém, pois esses sujeitos, outrora ignorados pelo jornalismo tradicional, estão gritando há bastante tempo. Alguns com gritos mais expressivos a partir de movimentos sociais e outros em silêncio. 


Nessa sociedade, onde a maioria da população tem um gravador e uma câmera na mão, é comum ignorar que fazer jornalismo não depende apenas do acesso à tecnologia. A desinformação e as informações superficiais e estereotipadas, inclusive sobre o bairro Santa Maria, são provas de que é preciso muito mais. Para o Periféricos, é necessário apuração rigorosa, pensamento crítico, compromisso com a transparência, com a pluralidade e a diversidade, mas também é preciso ativismo, é preciso tomar partido, quando o outro lado desrespeita a humanidade, as nossas vivências ou nosso modo de ser.


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