CONHEÇA A TRAJETÓRIA DO JOVEM ARTISTA SERGIPANO DE HELLBALA

Foto: arquivo pessoal
Ryan Dias dos Anjos, mais conhecido como HellBala, é um exemplo da força criativa que emerge das periferias sergipanas. Com apenas 19 anos, ele tem se destacado na organização de coletivos de batalha e no cenário cultural local, consolidando sua voz como poeta, freestyler e educador popular. Recentemente, conquistou o título estadual e representou Sergipe em Belo Horizonte, no palco emblemático do Viaduto Santa Tereza.
Natural de Nossa Senhora do Socorro, mas criado no bairro Santa Maria até os 7 anos, Ryan carrega em sua arte as marcas de Sergipe e do Nordeste. Ele reconhece os desafios enfrentados por artistas do menor estado brasileiro, como o preconceito regional e a falta de espaços, mas também exalta o talento de sua terra natal. “Representar Sergipe é inexplicável. Mesmo sendo pequenos em tamanho, acredito que temos os maiores em qualquer cenário.”
O nome artístico de Ryan é carregado de significado. “‘Bala’ é uma referência ao personagem Pedro Bala, de Capitães da Areia, de Jorge Amado, que é um líder e protetor, mesmo sendo órfão. Eu vejo muito dessa responsabilidade no que é ser um porta-voz da periferia,” explica. Já a parte “Hell” surge de uma reflexão profunda sobre a vida nas comunidades, que ele descreve como uma espécie de inferno habitado não pelos demônios, mas pelos descompensados.
A trajetória de Ryan começou cedo, influenciada por artistas como Raul Seixas e Chorão, que seus irmãos costumavam ouvir. Aos 8 anos, ele compunha músicas de rock, mas foi apenas aos 11 que descobriu o slam e o rap, paixões que transformaram seu universo criativo. Com 14, passou a divulgar suas poesias, e aos 16 entrou de vez no cenário local através da Batalha da Bandeira, em Aracaju.

Hoje, Ryan atua na organização de duas batalhas de rima, sem abrir mão de suas práticas individuais, como a produção em estúdio. Seu compromisso vai além da música. Ele se define como um educador popular, repassando conceitos e conhecimentos para as pessoas de sua comunidade. “Eu sempre gostei de aprender e compartilhar. Sentir que tenho a liberdade de ensinar sem precisar de um diploma é o meu maior combustível.”
A experiência de participar de competições nacionais o ajudou a compreender a dinâmica da indústria cultural. “Eles querem que a gente entre nesses espaços sem autoestima, mas nada externo pode me impedir. Eu quero mostrar que é possível.”
Apesar dos bloqueios criativos que enfrenta atualmente, Ryan continua inspirado pela ausência de quem deveria estar ocupando esse papel. Ele segue comprometido em amplificar as vozes da periferia e em abrir caminho para uma nova geração de artistas sergipanos.
Com rimas afiadas e uma consciência social pulsante, Ryan Hell Bala é muito mais que um poeta ou rapper; ele é um líder cultural em constante construção, um verdadeiro reflexo da resistência e da potência criativa de Sergipe.

Por Lenice Ramos
Supervisão: Tatiane Macena
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