Dalvam de Jesus, nasceu no dia 14 de abril de 1991, em São Sebastião, Alagoas. O jovem aparenta ser tranquilo, mas na verdade é dono de uma personalidade muito forte. Dalvam Dext, como costuma assinar suas produções, é grafiteiro, tatuador e fundador do coletivo Família Laboratório da Arte. Ele já foi selecionado para eventos nacionais e premiado com a medalha de mérito cultural Joaquim Barbosa, pela Prefeitura de Aracaju e com a comenda Contribuição ao Hip Hop como instrumento de cultura, educação e cidadania por meio da Prefeitura de Indiaroba.
Persistente, não sossega enquanto não deixa as coisas do jeito dele. De acordo com sua companheira, Jullhy Souza, para ele, nada nunca está bom. “Dalvam é muito perfeccionista e teimoso com ele mesmo. Passa muito tempo se cobrando demais, porque procura dentro dele mesmo uma perfeição que só existe na cabeça dele e aí, se cobra bastante por conta disso”, afirma a administradora.
O primeiro contato com o grafite ocorreu em 2008 em um evento chamado Grito da periferia. Dalvam estava a caminho da escola quando observou um grupo fazendo um painel no muro de uma casa. A partir dali, o jovem, que já desenhava, se interessou pelo grafite e passou a frequentar uma lan house, onde investia bastante tempo pesquisando a história do grafite. “O grafite modificou completamente a minha vida. É com ele que eu trabalho, é o que fez eu conhecer a minha companheira, foi o que me incentivou a voltar a estudar, e é com ele que eu conto histórias. Quando vou fazer um painel, eu pesquiso a história daquela cidade, pessoa, do que vou reproduzir. O grafite representa a minha vida e existência”, diz ele, com o olho brilhando.
O jovem, que veio com a família para a capital sergipana aos 10 anos de idade, pretende um dia ganhar o título de cidadão aracajuano. A mudança ocorreu no período da grande migração do interior nos anos 2000. Dalvam acompanhou o desenvolvimento do bairro Santa Maria, lugar que o acolheu e o fez criar raízes. “A gente não veio em um pau de arara(risos), mas veio em um caminhão. Eu lembro que tava até chovendo quando a gente veio. A gente tinha a opção de morar no Santa Maria ou no Coqueiral, que na época eram considerados os dois lugares mais violentos de Aracaju. E aí a gente tinha conhecidos aqui e viemos para cá. Eu literalmente vi o bairro crescer”, relembra.
Em uma de suas obras, Dalvam Dext representa o coração da periferia.
Apesar de ser natural de Alagoas, é com a periferia de Aracaju que o jovem mais se identifica. “Sempre digo que o Dalvam nasceu em Alagoas, mas o Dext surgiu em Aracaju. O Dext é o cara do Santa Maria, porque foi onde aprendi a pintar e a viver a arte. Foi uma das coisas que me ajudaram a não ir para outro caminho, pois quando você nasce na quebrada em si, você tem menos oportunidades”, considera.
Na época da chegada do jovem ao bairro, a antiga lixeira ainda estava ativa. “Eu vi muita coisa daquela época”, conta Dalvam sobre as desigualdades que testemunhou. O rapaz aproveita para ressaltar que teve mais opções de crescimento que os colegas. “Eu tive alguns pequenos privilégios, como o fato de meus pais serem casados até hoje, e por meu pai ser pedreiro e ter construído a casa logo que nos mudamos para cá, e a gente não viver de aluguel. Esses pequenos privilégios fizeram com que eu não passasse necessidade”, afirma.
Dalvam participava do programa Escola Aberta na escola Coelho Neto. O programa objetivava ampliar a integração social, a partir de atividades educativas, culturais, e esportivas, em instituições públicas de educação básica localizadas em territórios de vulnerabilidade social. Em uma oficina de break, Dalvam conheceu um pouco mais sobre o grafite. Os pais do garoto não tinha condições de dar uma vida luxuosa para ele, mas sempre deixaram claro que, se ele decidisse trabalhar, o dinheiro seria dele. Dalvam considera isso como mais um de seus privilégios. “Meu pai dizia que não podia me dar mesada, mas o que eu arrumasse seria meu. Então, desde pequeno eu junto meu dinheiro, e esse foi um dos motivos que fizeram com que eu não fosse por outros caminhos como vários que eu conheci, e que foram por falta de oportunidade”, diz o jovem.
O realismo no grafite
O grafite já foi visto como crime no Brasil, por causa da censura da ditadura militar. A expressão artística que surgiu da realidade da periferia urbana, evidencia críticas sociais. Presente em muros de espaços públicos, a manifestação se tornou arte e passou a transformar a vida de pessoas com histórias distintas. Uma delas, é o Dalvam, que usa a técnica do realismo.
O método do realismo consiste na representação da realidade por meio da arte. O realismo no grafite é marcado pelos detalhes. O grafiteiro busca, a partir de noções de profundidade, retratar situações, objetos, pessoas, animais, etc. Dalvam Dext, como costuma assinar, retrata pessoas.
“Eu tento levar pessoas tanto famosas, quanto pessoas periféricas que eu conheço e admiro como arte. Essa também é uma forma de eternizá-las e mostrar a valorização delas. Aquela pessoa que é invisível para várias pessoas, você transformar ela em um painel, você está colocando ela como protagonista da própria história dela”, explica Dext.
Dalvam retratou Dadinho, personagem do filme Cidade de Deus, segurando um livro, pois acredita que o conhecimento poderia ter o libertado do crime. Foto: Tatiane Macena
A tag
Antes do Dext, existiram o DL e Dexter. O protagonista explica que o Dexter surgiu de um Rapper do grupo paulista 509E. “Foi um dos primeiros rappers que eu escutei e achei muito massa a mensagem deles. Esse era o número da cela deles no Carandiru(Dexter e Afro-X). Eu viajei muito na música dele. Na época eu assinava DL, mas era muito simples, daí estava procurando uma tag quando me deparei com o nome Dexter e gostei”, relembra.
“Só que quando vc inicia, e está no role do pixo, você tem que fazer a parada rápido, então tinha que ser menos letras, porque Dexter era muito grande, daí eu diminui e comecei a colocar Dext, até porque tinha outras pessoas que utilizavam Dexter aí eu quis diminuir para ser o único. já tem 16 anos que uso”, completa o jovem. A tag estava escolhida, mas quando começou a ter o trabalho reconhecido, Dext sentiu que ainda faltava algo.
“Lembro da fala de uma professora de um curso de porteiro que fiz sobre todo mundo ter um sobrenome e eu pensei que Dext ficaria muito simples aí eu botei meu nome também, e ficou Dalvam Dext. Inclusive depois fui pesquisar sobre o Dexter e descobri que ele colocou esse nome por causa de um filho de Martin Luther King, que é um grande lutador da causa negra e que significa o que tem conhecimento, o que tem luz, foi aí que me identifiquei mais ainda”, salienta Dalvam Dext.
Dalvam Dext retrata NG Lampião da Rima. Registro: Tatiane Macena
Consciência política
Através do grafite, Dalvam Dext adquiriu consciência política, o que o ajuda na mediação de debates e a suscitar a reflexão sobre diversas questões. “O Santa Maria não faz parte da Zona Sul, mas também não faz parte da Zona de Expansão, porque a Zona de Expansão é um lugar mais valorizado. Então, o Santa Maria não é da Zona de Expansão. Alguém transformou aqui em um complexo. Inclusive, acredito que fizeram isso para o 17 de março não ser da Zona de Expansão. O 17 de Março é do Complexo Santa Maria, e querem tirar o Marivan, porque o Marivan sempre foi mais elitizado”, provoca Dext.
Dalvam acompanhou o desenvolvimento da comunidade do bairro Santa Maria. “Eu vejo com orgulho a modernização do bairro, apesar de saber que isso se dá porque aqui é um polo de voto. O Santa Maria é um dos maiores colégios eleitorais, se não o maior. O Santa Maria é desprezado por uma parte, mas as pessoas sabem da importância que aqui tem. Eles veem a gente dessa forma. Eu gosto do grafite porque ele consegue entrar em qualquer lugar, inclusive naqueles lugares que só quem vai é o braço da segurança pública e promover debates”, complementa.
Jullhy Souza é formada em administração, e conheceu a cultura hip-hop em 2008. A companheira de Dalvam exemplifica como o grafite a ajudou. “Diferente das outras pessoas que conheceram a partir dos outros elementos, eu vim pelo conhecimento. Eu fui inserida a partir do conhecimento, a partir da perspectiva de saber o meu lugar enquanto uma mulher negra em uma comunidade periférica, e posteriormente comecei a dançar e depois iniciei no grafite. Eu comecei produzindo eventos dentro das comunidades periféricas”, diz Jullhy, reforçando a afirmação do companheiro.
Dalvam Dext demonstra desconforto com a maneira que sua comunidade vem sendo pautada pela imprensa. “Aqui no bairro tem uma coisa que muito me incomoda é que toda notícia relacionada ao Santa Maria é morte ou tráfico de drogas. Você pode fazer o que for no Santa Maria todo, mas só vão mostrar isso. Aqui tem uma cultura gigantesca de escolinha de futebol, mas ninguém mostra. Isso também é um acontecimento do Santa Maria. Aqui tem dança, teatro, capoeira e várias outras paradas que não são noticiadas. Eu sempre tive o incômodo de morar na periferia e só ver isso na televisão.”, desabafa o artista.
Um dos maiores desafios da carreira de Dalvam Dext foi criar um painel dentro deum presidio. Fotos: Arquivo pessoal
Era para ser
Dalvam e Jhully Souza tomaram conhecimento um do outro, por causa de um show. Eles tinham amigos em comum, e foram ao show de Emicida, mas apesar de terem estado próximos, não se encontraram. No dia seguinte Dalvam postou uma foto com um amigo de Jhully que também é artista. “Eu vi a foto e achei massa. Na época eu já fazia produção de eventos, e aí eu pedi para fazer grafite. Foi quando falei com ele sobre um possível orçamento para um evento, que nem rolou”, relembra.
Com a adiação do evento, Jullhy e Dalvam seguiam no mesmo nicho cultural, mas não se conheciam presencialmente. “A gente estava sempre nos mesmos lugares, mas não se encontrava, então quando a gente se conheceu, começamos a conversar. Conversamos cerca de seis meses até nos encontrarmos. No dia que a gente se encontrou já ficamos juntos, e aí pronto, já se vão sete anos”, conta Jullhy Souza.
Jhully e Dalvam estavam sempre nos mesmos espaços. Foto: Arquivo pessoal
Perspectivas
Além de levantar questionamentos, o grafite proporciona a seus adeptos, a visão de um futuro melhor. Dext acredita que sem o grafite não teria chegado onde chegou. “Hoje, através do grafite, eu já estive em lugares como Salvador, Pernambuco, Fortaleza e Feira de Santana. Antes do grafite eu não tinha perspectiva de fazer outra coisa. Eu fazia o ensino médio, mas não estava nem aí. No ensino médio você não é incentivado a fazer nada. Tipo, você vai só terminar e arrumar um trampo”, considera.
Sem perspectiva, Dalvam havia parado de estudar no segundo ano do ensino médio. “Eu passei dois anos fora da escola. Fiz o segundo ano e depois fui dar um rolé por aí. O grafite me incentivou a voltar. Então voltei, concluí e entrei na UFS, e fiz quatro períodos meio conturbados de artes visuais”, conta. Dalvam acabou tendo que escolher entre o trabalho e o estudo, pois não estava conseguindo conciliar os horários do trabalho e do estudo.
O jovem conta que por ter um ensino com muitos déficits, tinha dificuldade em escrita e leitura. “Às vezes o professor passava um resumo e a galera chegava com a atividade pronta e eu não chegava com nada. Eu me distraio muito quando estou lendo, porque eu me perco em meus pensamentos e acabo esquecendo sobre o que estava lendo”, diz. Dext conta que uma de suas referências no meio universitário era uma colega, que também vinha da periferia. “Larissa Vieira do Mundo Negro foi uma pessoa preta que eu tive como referencia na faculdade. Ela também passava por muitos corres”, conta.
Apesar da dificuldade enfrentada enquanto universitário, Dalvam nutre o desejo de voltar ao meio acadêmico. “Não sei se voltaria para artes visuais, mas com certeza para uma outra área que envolva arte talvez. Eu quero a oportunidade de me profissionalizar mais, e a universidade me ensinou a teoria, porque eu tinha muita prática, mas pouca teoria”, ressalta Dext.
Viver a arte
Nosso protagonista está no ramo da arte há dezesseis anos, mas trabalha profissionalmente com a arte há dez. Antes de decidir que queria viver da arte, Dalvam trabalhava em uma empresa de construção civil. Certo dia, foi selecionado para um evento em Recife. “Comuniquei ao encarregado que precisava viajar e ele me disse que se eu fosse perderia o dinheiro, daí e eu disse que tudo bem, pois não fui pedir a permissão dele, mas informar”, conta. Dext viajou e quando voltou adoeceu. O rapaz ficou 15 dias em casa, e quando voltou percebeu que não era aquilo que queria para a vida.
O perfilado pediu demissão e investiu o que recebeu em material de pintura. “Na época o salário de ajudante de pedreiro era R$ 600,00 e eu pensei, se eu conseguir fazer R$ 600,00 por mês já vou estar com um salário mínimo. Meu coroa sempre perguntava se isso daria dinheiro. Hoje ele e a minha mãe me incentivam muito e até fazem propaganda”, relata Dalvam Dext sobre seu período de transição. A fala de um professor foi crucial na tomada de decisão. Uma vez o professor de biologia falou uma coisa que eu carrego até hoje, sobre se ter empregos temporários e ir em busca dos sonhos. Era Cleverton o nome dele. Ele disse que a gente podia fazer algo que pudesse nos manter até que os sonhos chegassem”, conta.
Dalvam Dext sonha em representar o Brasil em eventos e grafite internacionais, levando um pouco da sergipanidade e da cultura nacional para o mundo. “Tenho como meta pessoal o desejo ser reconhecido e poder viver literalmente do grafite, porque hoje a gente apenas sobrevive. Uma coisa é viver, outra é ter estabilidade financeira, temos altos e baixos ainda”, afirma.
De acordo com o artista, por conta da valorização em âmbito nacional, os espaços estão começando a se abrir para o grafite, mas ainda é pouco se comparado a ambito nacional. “Eles estão vendo a importância de se ter escolas com painel de grafite, um espaço público com painel de grafite para dialogar com as pessoas. Está tendo mais oportunidade de emprego, mas ainda não está tanto como já acontece em outros estados, em que os grafiteiros conseguem ter uma estabilidade financeira e viver da arte”, compara.
"O grafite representa tudo pra mim. Eu vivo a arte, na verdade eu acho que sou a arte", afirma Dalvam Dext. Fotos: Tatiane Macena
Agora é À vera
O grupo familia Laboratorio da arte foi fundado no bairro Santa Maria por Dext e alguns amigos dele, que não fazem mais grafite. Da formação inicial permanecem apenas Dalvam e Bruno Magoh. O grupo de artistas participava de eventos culturais em Aracaju. No entanto, depois de um episódio de descaso, a equipe decide criar o seu próprio evento. Então, o grupo que se chamava Guerreiros Revolucionários do Guetto, teve o nome alterado para Laboratório da Arte, com a pretensão de unir artistas de Aracaju.
O Laboratório da Arte decidiu promover o evento Agora é à vera, que surge a partir de um incômodo com o tratamento inferior em um evento promovido pela prefeitura. Dalvam explica que, na ocasião, o grafite estava no panfleto, mas não teve o destaque que merecia. “A gente ficou no muro do aeroporto sem nenhum apoio ou visibilidade, como as outras coisas que estavam rolando no evento tiveram. E aí isso incomodou a gente, pois o grafite é uma das coisa que mais se destacam em eventos, e a gente não tinha sido valorizado”, desabafa.
O evento objetiva ajudar através do grafite, promover o debate e suscitar reflexões da sociedade. A ideia é faze um evento na periferia, do jeito da periferia. “A gente resolveu fazer um evento da gente, do nosso jeito, e ali surge o nome agora é à vera é pensando naquela brincadeira de bola de gude, onde é diferente um jogo a brinca e a vera.A proposta é fazer um evento de grafite, em que se tenha outras coisas, mas o grafite seja o principal”, explica Dalvam.
Esses painéis foram feitos no bairro santa Maria. Fotos: Divulgação
Galeria a céu aberto
Nas proximidades do colégio Vitória de Santa Maria há vários trabalhos lindos feitos nas edições anteriores do Agora é à Vera. Dalvam Dext explica que a ideia do grupo é manter o local com as produções e posteriormente fazer algo maior. “A gente quer manter o de lá, mas também queremos pegar as casas. A gente tá com a ideia de fazer uma galeria a céu aberto aqui no Santa Maria. O Santa Maria é conhecido por ser aquele bairro periférico perigoso que ninguém quer entrar, então a gente quer fazer a maior faixa de grafite de Aracaju para que as pessoas digam, vou lá ver o grafite do Santa Maria”, conta.
O jovem grafiteiro tem alguns anseios pessoais, mas a maioria dos seus sonhos estão relacionados a periferia e a arte. “ Tenho sonhos de ter minha casa, fazer um museu a céu aberto, uma galeria de arte urbana, porque o grafite vai de encontro com a galeria em seu surgimento, mas hoje nós podemos levá-lo de volta para a galeria e assim, mostrar que ele também é arte. Pois, por ele estar na rua, as pessoas ainda acham que ele não é arte. Acho importante ter um espaço para o grafite, uma galeria e esse museu a céu aberto, que já existe em outros lugares. A própria casa do hip hop, que está faltando aqui em Sergipe, pois ele é um movimento que é da periferia e como falei, o hip hop e o rap são da periferia, estão na minha geração e na minha geração antiga”, diz.
Antes e depois de um painel. Foto: Divulgação
Coletivo Espaço Criativo
Através da Jhully, o Espaço Criativo foi transformado em um coletivo de pessoas. A intenção é apartir de pessoas comprometidas com as diversas manifestações artisticas, contribuir para a redução da desigualdade e enfrentar preconceitos, através do intercâmbio artístico e cultural, além de fortalecer a participação igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços de poder e decisão. “Com pessoas que têm a mesma ideia que a gente, que estejam na mesma vibe de construir arte e cidadania e educação, vamos mostrar algo bom o suficiente para que ninguém bote defeito. Então, o coletivo surge nisso, de mostrar o profissionalismo como se faz o evento de grafite”, afirma Dext
O Coletivo objetiva realizar e apoiar projetos, ações e práticas que promovam e subsidiem Políticas Públicas para a juventude. Estão na composição artistas locais e de outros estados. “A gente conversou sobre formas de ampliar as ações que fazemos aqui na comunidade, porque querendo ou não era em pequena escala. Já tinha acontecido as outras edições do Agora é à Vera, só que esse ano a gente foi para o Agora é à Vera real, para o tudo ou nada, porque a proporção que a gente quer levar o evento esse ano é para ser o projeto piloto para que a gente possa dar o gás para coisas maiores”, ressalta Jhully Souza.
O Festival ocorrerá entre os dias 18 e 20 de Agosto no bairro Santa Maria, em Aracaju, Sergipe. Aqueles que desejarem participar podem fazer as inscrições através doo perfil do Espaço Criativo no Instagram. Além do grafite, irão compor a programação da edição feiras criativas, apresentações culturais, e outras manifestações artísticas.
Falta de investimento e políticas públicas
“Para trazer trinta artistas para a comunidade, são gastos R$ 5.000, somente de tinta, então, como é que a gente consegue fazer essa escala de forma independente? Porque a gente ainda não tem políticas públicas que destinem verbas de forma imediata. Agente pode ter a Lab 1, que foi a Aldir Blanc do Paulo Gustavo, mas ela ainda não entra na perspectiva do Agora é à Vera porque a gente vai para um trabalho mais da comunidade, então é um lençol mais comunitário, e fica bem mais difícil de alcançar. Mas independente dessas verbas, o evento vai acontecer. Então de que forma eu colocaria pessoas dentro desse coletivo para que a gente caminhasse para uma proposito que a gente conseguisse realizar. Por conta disso, nasce o coletivo espaço criativo. O Agora é a Vera à gente sonha com o retorno”, diz Jullhy.
“hoje a gente já tem várias paredes disponíveis, mas não temos recursos para chegar ali e pintar todo dia um painel para a comunidade”, diz Dalvam sobre a falta de investimentos por parte do poder publlico.
Dext, o semeador
Dalvam pretende passar o seu conhecimento para as futuras gerações. Foto: Tatiane Macena
Fruto de ações sociais, Dalvam Dext sente falta de oficinas na comunidade. “Gostaria de montar um Centro Cultura, por causa da possibilidade de se ter oficinas. A gente veio através de oficinas(ele olha para Jullhy). E hoje falta muito isso no bairro Santa maria, essas ações diminuíram muito. Hoje eu tenho 32, mas tem uma galera vindo aí que tem muito potencial e não está sendo explorado. Os projetos culturais formam pessoas, então eu quero plantar a sementinha da arte. Quando dou uma oficina é pensando em formar pessoas, porque assim como eu fiz grafite e me interessei em fazer aquilo, qualquer criança pode se interessar, e a arte mexe com sentimento. E quando as pessoas estão mais sentimentais, elas cuidam mais umas das outras”, finaliza.
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