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Timóteo dos Santos, um amante da causa animal

Foto do escritor: Tatiane Macena Tatiane Macena

Atualizado: 30 de mar. de 2024


Timóteo dos santos


O fabricante de produtos de limpeza, Timóteo dos Santos, 51 anos, nasceu no município de Nossa Senhora da Glória, no dia 2 de fevereiro de 1971. O filho do José Batista dos Santos e da Maria Dias, chegou em Aracaju com 13 anos de idade. O homem cresceu e criou raízes no Bairro Santa Maria, onde fundou, sem fins lucrativos, o projeto Beethoven, que é mantido pela venda dos produtos de limpeza e ajuda de pequenos comerciantes.


Timóteo estudou até a antiga 4ª série do ensino fundamental e atualmente, tira o sustento da fabricação de produtos de limpeza. No entanto, é quando está cuidando dos animais que o Timóteo se sente mais feliz. “O meu principal trabalho é agente de animais. Sou como um agente de saúde que faz o acompanhamento das pessoas, a diferença é que eu me preocupo com os animais”, diz Timóteo com brilho no olhar.


O amor de Timóteo pelos animais começou há cerca de 20 anos, quando sua ex-companheira decidiu adotar uma cachorra, a Negona, ainda que o homem não quisesse. “Depois que me deram ela, nasceu o projeto no meu coração. Tentei recusar adotá-la, mas a pessoa que eu convivi quis criar e não teve jeito”, conta.


Passados 9 anos, o casamento acabou. A mulher foi embora, mas cachorra ficou sob os cuidados do homem, que a acolheu e cuidou dela por 20 anos, até seu falecimento no mês de junho. Atualmente, desfruta da companhia da pequena, a cadela o acompanha há 10 anos.


Timóteo e sua amiga, Pequena


Projeto


Com o amor adquirido ao cuidar da cadela Negona, Timóteo decidiu que também cuidaria dos muitos animais indefesos das ruas. “Não vi nenhum órgão público se preocupar com a causa animal, então quis me somar aos trabalhos sociais já existentes de canis e ongs”, diz o homem quando questionado sobre o motivo de iniciar o ato de amor. O projeto conta com a ajuda de pequenos comerciantes do bairro, uma clínica veterinária e voluntários que ajudam na administração.


A maioria das demandas são feitas via grupo de WhatsApp. Em horário comercial, os integrantes enviam suas dúvidas e são orientados diretamente por um profissional qualificado. Quando um animal precisa de ajuda, o grupo não mede esforços para aliviar a sua dor. Às vezes chegam até a fazer vaquinhas para arrecadar dinheiro para o tratamento dos bichinhos.

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A dona de casa Maria Eduarda, foi acolhida pelo projeto no momento em que o seu cachorro ficou doente. “Quando o Bubu ficou doente estava sem condições para dar a ele um tratamento apropriado. Ficava muito triste ao ver meu bichinho naquela situação e não conseguir fazer nada. Foi aí que falei com Timóteo, que fez toda a mobilização pelo grupo do WhatsApp e as pessoas juntamente com o veterinário me ajudaram no tratamento dele. Ele se recuperou muito bem. Só tenho a agradecer por isso”, diz Duda.


Maria Eduarda e Bubu\Foto arquivo pessoal



Na sede do projeto, ficam itens para a utilização dos participantes, tais como casas de passeios e cones. “Tudo aqui é para o uso de animais atendidos pelo projeto, se precisar é só solicitar”. Quando houver a necessidade, o tutor do animal pode solicitar o empréstimo. Além disso, o grupo faz a fiscalização de maus tratos. "Quando os casos chegam ao nosso conhecimento, procuramos saber qual a situação e se identificada agressividade da parte do animal, tentamos a reconciliação. Se o dono tiver maltratando o animalzinho, imediatamente chamamos a polícia ambiental para que as providências sejam tomadas”, ressalta o fundador do projeto.


Animais de rua


Se identificado um animal indefeso na rua, ele é recolhido, alimentado e medicado. Depois, segue sendo monitorado até que seja localizado um canil com vagas e finalmente o animal possa ser retirado da rua. Caso uma pessoa encontre um animal na rua e não tenha condições de cuidar dele, o projeto beethoven tenta imediatamente encontrar um canil com vagas. O projeto já recolheu 25 animais das ruas.



A participante do projeto, Lucila Alves já solicitou ao projeto a retirada de uma gata e filhotes das ruas. “Eu ajudava uma gata de rua dando comida. Um dia ela emprenhou e me vi sem condições de cuidar dela e dos filhotes. Então, eu liguei para Timóteo e perguntei o que podia fazer com os gatos que eram novinhos demais e não tinha como ajudá-los. Cuidei deles por 2 meses e depois ele me ajudou dando um abrigo melhor", conta a Jovem.


"Acredito que o projeto seja muito importante para nosso bairro. Pois existem muitos animais que necessitam de ajuda e muitas vezes não tem ninguém para olhar por eles”, considera Lucila.



De acordo com Timóteo, "da mesma forma que um morador de rua sofre, o animal também sofre. Em questão de sofrimento e necessidade de um morador de rua e um animal da rua, não vejo mudanças, a diferença está na defesa. O ser humano ainda consegue pedir alguma coisa pra comer, mas o animal não sabe pedir e nem se defender. Por mais que uma pessoa more na rua, ela tenta conseguir um dinheiro para comprar alguma coisa, já o animal não tem essa opção. As pessoas olham e acham que eles não estão sofrendo, mas eles também sentem dor, fome e sede”, afirma o idealizador do projeto.

Lucila Alves\Foto: arquivo pessoal



Cadastro


Para se cadastrar, basta se dirigir a sede do projeto que fica na avenida Manoel Messias, 223, bairro Santa Maria. Após informar o nome do seu animal de estimação, o integrante recebe uma carteirinha de participante, a qual lhe permite ter desconto na compra de produtos em estabelecimentos parceiros da ação. “Numa situação de uma cirurgia, consulta ou exame na clínica veterinária parceira o integrante recebe o desconto ao apresentar a carteirinha de participante. Além disso, o dono do pet pode ter descontos na aquisição de ração e remédios”, explica o fundador do projeto Beethoven.


Atualmente, aproximadamente 100 donos de animais estão cadastrados.


450 histórias em itens de alumínio


Além do amor pelos animais, o Timóteo tem um gosto peculiar, ele é colecionador de panelas. “Na hora de cozinhar eu gosto de escolher a panela certa. Para cada quantidade e tipo de comida existe uma panela certa”, diz. No total são 450 itens de alumínio, que começaram a ser colecionadas há 10 anos, cada uma com sua história.

Algumas panelas da coleção de Timóteo


Um conselho


Quando solicitado a aconselhar a humanidade, Timóteo pede mais amor. “Se pudesse voltar atrás, diria para mim mesmo para economizar e investir mais um pouco no meu futuro. Quando era mais novo, gastava demais. Agora se o conselho fosse para outras pessoas, diria para elas amarem mais o próximo. Acredito que está faltando amor para com os outros e também para os animais”, finaliza.



A sede do projeto funciona na casa de Timóteo





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